Olá pessoal!
Segue abaixo um texto colaborativo que foi
produzido em nosso curso de Educação Musical da UFSCar.
Espero que apreciem!
Forte Abraço!
Marcos.
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SÃO CARLOS
LICENCIATURA EM
EDUCAÇÃO MUSICAL
Tecnologias de
Internet para Educação Musical
Professor: Paulo
Roberto Montanaro
Tutora: Mariana
Derigi Ambrózio
Grupo 4: Marcos
Rogério de Arruda
Marinês de Souza
Mendes
Robson B. Branco da
Conceição
Samuel Vaz
Anderson Sebastião
Cunha de Souza
Marcelo Fonceca
Web
2.0 e Educação
Introdução
O
avanço nas questões tecnológicas em nossos dias é cada vez mais expressivo.
Temos um vasto campo de possibilidades que permite o vínculo de comunicação e
troca de informações entre os mais variados segmentos de nossa sociedade, não
só o campo social, mas também no nível econômico, no campo político, no campo
cultural e, nosso tema principal, a área educacional.
Percebe-se
claramente o crescimento dos debates sobre as influências da sociedade em rede,
para definição dos caminhos humanos em tempos de interação digital, indo além
das fronteiras temporais e espaciais.
Castells
e Cardoso (2005) nos dão uma pequena amostra do âmbito e dos limites (se é que
podemos pensar em limites) dessa verdadeira revolução de nossos dias: “A Sociedade em Rede é a nossa
sociedade, a sociedade constituída por indivíduos, empresas e Estado operando
num campo local, nacional e internacional”(CASTELLS & CARDOSO, 2005, p. 9). Esta interessante reflexão não
só define o caráter da sociedade em rede como mais uma possibilidade de
interação social, política e econômica como também especifica que essa é a “nossa sociedade” e, como tal, merece ser
compreendida para que possamos retirar dela o melhor.
Se
no campo teórico, como no trabalho de CASTELLS & CARDOSO, verificamos as
oportunidades que a sociedade em rede nos oferece, ao adentrarmos o campo
prático, notamos que o universo torna-se ilimitado, sobretudo na área
educacional.
A
educação pressupõe a construção do conhecimento, a troca de informações, a
aquisição de habilidades nas mais diversas áreas e disciplinas. Entretanto,
convém lembrar que a educação não acontece
apenas nos espaços formais de aprendizagem. Ela pode e deve ser
estimulada nos mais diversos espaços sociais possíveis.
Compactuando
com a realidade da sociedade em rede, fundamentada em recursos tecnológicos
digitais, temos à nossa frente desafios fundados na construção de conhecimentos
em ambientes virtuais e embasados no caráter colaborativo, fundamental aos
ambientes educacionais.
Desenvolvimento
Antes
ainda de avançar nos temas Educação e Educação Musical, vejamos alguns
desdobramentos e exemplos desse novo cenário tecnológico que se apresenta há
pelo menos três décadas pois, como já mencionado, a sociedade em rede atua em
diversos níveis, sem contar que a história da humanidade é a história das
tecnologias; abordar os aspectos citados mais adiante será útil para
compreender a relação direta com a formação humana.
Social. Muito embora de modo desigual e
conflitante porque, ao mesmo tempo, o mundo ainda enfrenta o problema da fome,
das guerras, epidemias, desastres ambientais com consequências irremediáveis
para populações inteiras, as novas tecnologias de comunicação e informação
contribuem para uma noção ampliada da cidadania. Os diversos projetos de inclusão
social, movimentos sociais armazenam e propagam suas ações e expectativas
através de diversas mídias e comunidades virtuais (fóruns de discussão, listas
blogs, computação em nuvem etc); isso permite o debate de ideias e as partilhas
de experiências. É verdade que a utilização das tecnologias digitais têm
provocado um reordenamento da ordem social. Cabe a nós, seres humanos, tornar esse reordenamento plausível.
Progresso científico.
As tecnologias são fundamentais nas pesquisas científicas na medicina,
biologia, no conhecimento da química, das inovações e, pensando nas ciências
humanas, no aprimoramento dos métodos de pesquisa em história, antropologia,
sociologia que, em última análise, devem servir à melhora da qualidade de vida
e ao aprimoramento das sociedades. Por meio das redes virtuais, os
conhecimentos científicos de uma área se tornam mais acessíveis aos cientistas
de um modo geral. Dessa forma, para exemplificar, um estudo sociológico e/ou
histórico sobre a incidência de doenças tropicais de uma população disponível
na world wide web estará facilmente ao alcance dos pesquisadores das áreas
médicas empenhados na descoberta de combate às tais doenças.
Comunicação e sociabilidade. “A
sociedade em rede é uma sociedade hipersocial, não uma sociedade de
isolamento.” (CASTELLS & CARDOSO, 2005). Cada vez mais se nota que as interações virtuais
conduzem às interações geográficas. Grupos com interesses afins que se
encontram em lugar previamente combinado; podemos citar os flash mobs, os
eventos criados via facebook, congressos acadêmicos internacionais que são
organizados virtualmente por e-mails, blogs específicos para o fim de
organização de todos os aspectos que envolvem um evento acadêmico, grupos
acadêmicos que discutem os temas virtualmente e decidem realizar fóruns,
simpósios nas universidades, as videoconferências que ocorrem em ambientes
acadêmicos e empresariais.
“Da mesma maneira, as novas
formas de comunicação sem fios, desde o telefone móvel aos SMS, o WiFi e o
WiMax, fazem aumentar substancialmente a sociabilidade, particularmente nos
grupos mais jovens da população” (CASTELLS & CARDOSO, 2005).
Progresso econômico. Automação bancária,
informatização presente na produção de bens, no design de produtos, no
desenvolvimento de novos produtos e serviços, dos sistemas de informação
industrial são desdobramentos dos avanços produzidos com as tecnologias.
Voltando ao alerta colocado por CASTELL & CARDOSO (2005) de que isso por si
não garante a elevação da humanidade à perfeição, uma vez que o desenvolvimento
é desigual se consideramos o cenário geopolítico-econômico mundial e o
testemunho da História de que as disputas por hegemonia geraram catástrofes
humanas. Isto é, a tecnologia não basta para um ideal de sociedade
colaborativa.
Aprimoramento das instituições. Vários países do mundo aprovaram
leis de acesso à informação. Programas de gestão pública e mecanismos que
descompliquem o acesso à informação sobre documentos pessoais e públicos
necessitam inevitavelmente dos sistemas de inteligência virtual para serem bem
sucedidos e privilegiar a sociedade no que tange à informações que devem ser
públicas. Programas governamentais de inclusão digital, portais de
transparência pública são ações que colocam as instituições a serviço do
cidadão.
Educação. Conforme já dissemos, é
sobretudo na Educação que devemos ampliar os esforços pela maior participação
das novas tecnologias. Porque “há
um grande hiato entre conhecimento e consciência pública, mediada pelo sistema
de comunicação e pelo processamento de informação dentro das nossas «molduras»
mentais” (CASTELLS & CARDOSO, 2005). E pensar em Educação, para além dos sistemas, é
pensar no papel pedagógico do educador frente a essa realidade, diante de seus
estudantes e também no papel do estudante.
Por
molduras mentais compreende-se ideias de que a vida digital representa o
futuro, de que os recursos tecnológicos interferem negativamente na
aprendizagem pois ninguém mais quer aprender, não presta atenção às aulas, de
que a escola é o único espaço de ensino. Pelo lado oposto, é um equívoco
considerar que difundir a internet e/ou a presença de computadores nas escolas
são suficientes para gerar conhecimento pois este é gerado pela humanidade
desde sempre. Ambas as posturas são tradicionais e isentam o educador de seu
novo desafio, o de se engajar num esforço estrutural de transformação de seu
próprio papel em sala de aula ou nos espaços não formais de educação, uma vez
que muitos dos saberes escolares estão fartamente disponíveis, até mesmo em
jogos digitais. Via de regra, a realidade eletrônica-digital é mais próxima dos
adolescentes e jovens. Pensar a educação não só no ambiente formal, a escola,
mas também em outros ambientes é outro desdobramento do advento da sociedade em
rede, sendo o ambiente virtual, um espaço não formal de importância singular na
ciranda de saberes.
Há
muito o educador não é detentor de todos os saberes e isso dever ser motivo
para maior compromisso com uma prática pedagógica mais dialogada, de tomar para
si a atitude de constante pesquisador crítico porque o estudante, em alguma
etapa da sua construção do conhecimento, necessitará de orientação, de alguém
que lhe ajude a interpretar os conteúdos descobertos e instigá-lo “a aprofundar
suas pesquisas para além da internet”. Mas o estudante sempre deve ser
convocado a partilhar seus saberes, a ter autonomia nos estudos e capacidade de
opção por pontos de vistas sobre variados temas pois caminha inevitavelmente
para a vida adulta em sociedade. O uso de plataformas de aprendizagem, da
nuvem, dos sites e programas online precisam ter propósitos e conteúdos claros
e o educador ter a consciência de que ele estará interagindo não somente com
seus educandos mas com uma imensa rede mundial conectada
microeletronicamente.
Educação Musical. Nenhuma sociedade humana é capaz
de ser saudável sem a experiência da arte, do belo.
"A cultura e o bem-estar
devem ser percebidos como valores intrínsecos, não apenas como instrumentos
económicos. Isto quer dizer que também temos de promover as formas de cultura
que comercialmente não são lucrativas". (CASTELLS & CARDOSO, 2005, p.
365)
Eis
o desafio posto aos arte-educadores, no nosso caso, educadores musicais. A
arte, por suas características, necessita de criatividade, está muito além das
questões sociais e econômicas. Pensemos, como exemplo, no compositor
comprometido com a criação e produção de música orientado somente para consumo
comercial, visando o lucro numa sociedade capitalista e não no aprimoramento da
sensibilidade e desenvolvimento humanos.
Certamente
os ideais criativos da arte tornam-se muito restritos se essa prática fosse
efetuada. Talvez aqui esteja uma das maiores virtudes da Educação Musical,
assim como da própria educação como um todo: ajudar nossos alunos a ter mais
autonomia e critérios concisos para a escolha num grandioso universo. Um
educador consciente saberá extrair o melhor de suas aulas, transformando as
ferramentas (inclusive tecnológicas) educativas em saberes significativos para
seus alunos.
Tanto
para a educação básica e fundamental como na educação musical, a Web 2.0 se
constitui numa plataforma de trabalho direto da internet. Sem contar nas
inúmeras possibilidades de aplicação com softwares livres, as licenças via
Creative Commons, as Wikis e outras que já citamos ao longo deste texto, facilitando
e tornando mais intuitivas a produção de hipertextos, de jogos musicais, a
criação de aplicativos de aprendizagem musical, plataformas midi, jukeboxes,
sites online de aprendizagem, edição de partituras, aplicativos para
estruturação, percepção e rítmica.
Conclusão
A
Web 2.0 representa um dos maiores avanços humanos na área da comunicação em
redes virtuais. Sabemos das possibilidades lesivas e massificantes dos
aplicativos de informática e que podem ser prejudiciais às pessoas, sobretudo
em crianças e adolescentes. É comum vermos em ambientes escolares, equipamentos
sendo utilizados de forma mecânica e inconsequente, sem uma preocupação
pedagógica consistente. Por outro lado, não podemos abdicar das virtudes dos
grandes sistemas informatizados, facilitando a disseminação de saberes,
favorecendo a comunicação entre as pessoas, além de serem altamente eficientes
como instrumentos do conhecimento.
Torna-se
fundamental, em nossos tempos, a utilização consciente e produtiva dos recursos
tecnológicos digitais. A educação pode ser o meio mais efetivo, não só para o
uso desses recursos, como também para a própria reflexão sobre esses usos. Não
estaríamos aqui com um dos pilares da educação? Despertar o senso crítico e
reflexivo de nossos alunos? Pois então, caros educadores, aproveitemos o
caráter diversificado e atrativo das redes digitais para transformar a educação
de nossos alunos em algo prazeroso e eficiente.
Temos
muitos exemplos que poderiam estimular o uso consciente da internet. O
desenvolvimento da competência leitora e escritora que é fundamental para o
exercício da educação ou a multiplicidade de fontes de pesquisas em suas mais
variadas formas, que é também um ponto forte dos ambientes virtuais. Essas são
apenas duas dimensões que demonstram o potencial que temos em nossas mãos, como
educadores. Resta-nos transformar essas potencialidades em realidades,
utilizando a vasta informação disponível, para que esta se manifeste como um
processo de formação efetiva junto a nossos alunos.
Referenciais teóricos
CASTELLS, M. & CARDOSO, G.
(org.) A sociedade em rede – Do conhecimento à acção política.
Conferência promovida pelo Presidente da República. 4 e 5 de março de 2005.
Centro Cultural de Belém. Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2005, Portugal.
Disponível em <http://ead2.sead.ufscar.br/mod/resource/view.php?id=69711>.
Acesso em 20 de ago. de 2014.
PARANHOS, A. G. & MONTANARO,
P. R. Web 2.0. Curso de Educação
Musical, UFSCar, 2014. Disponível em <http://ead2.sead.ufscar.br/mod/book/view.php?id=56515>. Acesso em 20 de ago.
de 2014.
Sites
consultados (último acesso em 01 set 2014):
http://porvir.org/porpensar/relatorio-aponta-nov-papel-professor/20140630
http://www.planetaeducacao.com.br/portal/imprimir.asp?noticia=4534